REFLEXÕES “LITERÁRIAS”
Vivemos em um país anteriormente classificado como Terceiro Mundo. Hoje, por questões “ideológicas” e pretensamente politicamente corretas, a expressão foi modificada para o eufemismo “País em Desenvolvimento”. Mas seria desenvolvimento em quê?
O Brasil, assim como as crianças, sempre se viu como País do Futuro, que muito poderia fazer assim que alcançasse um certo patamar social; que mais curiosamente ainda nenhum especialista pôde mensurar com precisão qual seria ou como seria atingido. Este é um país do “um dia de cada vez”; “vamos com calma, que há tempo” e “as coisas sempre foram assim”. Há todo um movimento-sentimento de conformismo confortável, de vitimismo sem atitudes, de “é possível, mas, sendo trabalhoso, vamos adiar para o próximo ano”. O Brasil é o país do adiamento. Assim, adiamos para depois do Carnaval; depois da Copa; depois das Eleições. Educamos nossas crianças e jovens assim, em um eterno deixa para depois e este depois, obviamente, jamais chegará! Mas o que a Cultura tem a ver com isso? Tudo!
Se não, vejamos. Somos seres produtores de Cultura. Animais, de modo geral, não produzem Cultura; humanos, sim. Entretanto, tratamos a Cultura, e seus dedicados agentes, como seres de menor valia, de pouca monta, de quase sempre “adiáveis”. Países de primeiro mundo, de desenvolvimento real, de formação humana para o futuro E o presente já descobriram, séculos atrás e à custa de muitos prejuízos para suas nações, que o agente formador e disseminador de Cultura é elemento-chave para a construção de sólidos valores morais, profissionais e sociais. Em uma sociedade em que a Cultura com C maiúsculo é confundida e trocada pelo midiático de consumo rápido, o Brasil não pode ser considerado um País em Desenvolvimento, pois não se utiliza de uma das formas mais privilegiadas e importantes para a construção de um povo forte, articulado, responsável e sensível aos desafios do dia a dia. Sem o Pensamento Reflexivo advindo da Formação Cultural, nossas crianças, adultos de breve amanhã, não serão capazes de construir futuro que seja sólido, mas passarão pela vida engolfados pela sociedade do descompasso, em que o Conhecimento, o Trabalho e a Responsabilidade – Pessoal e Social – serão eternamente adiados, como a louça que fingimos não ver na pia, após o jantar, mas que nos assombrará na manhã seguinte, quando já não nos restar tempo para viver melhor em nossas próprias casas!
LUCIANE RAPOSO – LEITORA, ESCRITORA, EDUCADORA, PALESTRANTE E BOOKTUBER Instagram: @ludecastroraposo
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