sábado, abril 12, 2025
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Os desafios do governo Lula em um cenário de crítica sistemática

A analise de conjuntura atual que a revista Teoria e Debate faz sobre a popularidade do governo Lula descrita pelo olhar da oposição midiática, desenvolve criticas, que mexem com a popularidade do presidente Lula de forma que somente o presidente da Republica Getúlio Vargas sofreu pela oposição.

veja a matéria da Teoria e Debate na integra abaixo:

A contradição entre os avanços reais e a percepção negativa não é um acidente, mas resultado de uma guerra política travada por setores que rejeitam um projeto de desenvolvimento inclusivo e a proteção dos direitos das minorais

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vive uma contradição que merece análise cuidadosa. De um lado, avança na implementação de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades e a retomada do crescimento econômico, com medidas concretas que beneficiam a população mais vulnerável e de incentivo à produção e geração de empregos. De outro, enfrenta baixa popularidade e desconfiança de parte significativa da sociedade, alimentada por uma oposição agressiva e uma retórica midiática que distorce sistematicamente suas ações. Essa dissonância não se explica por falhas na gestão, mas por uma conjuntura complexa, marcada por uma estratégia de deslegitimação que transforma cada iniciativa governamental em alvo de críticas infundadas.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelo governo é a chamada “armadilha da crítica”, um mecanismo pelo qual qualquer medida adotada, independentemente de seus méritos, é imediatamente desqualificada por setores da oposição e da mídia. A crítica, por definição, é inerente ao debate democrático e pluralista, mas sua legitimidade depende de pressupostos como veracidade, boa fé e proporcionalidade, além do respeito à vida privada, à intimidade e à honra. O abuso do direito de crítica é, inclusive, tipificado como crime, na forma de injúria, calúnia ou difamação, ou mesmo fraude. A “armadilha da crítica”, ainda que não alcance esses limites, não se trata de uma crítica construtiva, que visa ao aperfeiçoamento das políticas, mas de um esforço deliberado para criar um clima de descrença e instabilidade. Exemplos não faltam: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000,00, que alivia a vida de milhões de trabalhadores, foi taxada de “irresponsabilidade fiscal”; a ampliação do Vale-Gás, essencial para famílias pobres, foi chamada de “populismo eleitoreiro”; e até a liberação de recursos do FGTS para demitidos, uma medida emergencial, foi criticada como “inflacionária”.

Essa sanha persecutória ignora por completo o impacto social positivo dessas ações, criando uma percepção pública distorcida de que o governo estaria agindo de forma equivocada, mesmo quando os dados mostram avanços reais.
Além da armadilha da crítica, o governo Lula enfrenta o desafio do extremismo político, que ganhou força nos últimos anos e hoje se manifesta como uma oposição radicalizada, incapaz de dialogar e comprometida com a desestabilização. Liderada pela extrema direita bolsonarista e apoiada por setores do mercado financeiro, do agronegócio especulativo e de veículos de comunicação, essa força política trata o governo como um inimigo a ser derrubado, e não como um adversário legítimo dentro do jogo democrático, e, inclusive, chega a empregar a violência para gerar fatos políticos.

A polarização resultante desse cenário dificulta a governabilidade, pois transforma debates necessários em conflitos ideológicos estéreis. Pior ainda, a desinformação disseminada nas redes sociais, em parte da mídia tradicional e principalmente nos veículos bolsonaristas – como o Brasil Paralelo, Jovem Pan, Revista Oeste e dezenas de outros veículos e meios – confunde a população, que muitas vezes não consegue distinguir entre notícias verdadeiras e manipulações grosseiras.

Nesse contexto, é fundamental que o Estado continue atuando com firmeza para combater os excessos do extremismo, garantindo que a liberdade de expressão e o exercício da crítica legítima não sejam solapados pela propagação de crimes de ódio e fake news. A regulação das redes sociais, o fortalecimento das instituições democráticas e a promoção da educação política são passos essenciais para enfrentar esse problema. No entanto, o governo também precisa melhorar sua comunicação, mostrando de forma clara e direta os benefícios de suas políticas para a vida das pessoas. Muitas das medidas adotadas – como a reforma tributária, o aumento real do salário-mínimo e a retomada de programas sociais – têm impacto direto no cotidiano da população, mas essa mensagem nem sempre chega de maneira eficiente.

Há ainda desafios estruturais que pesam sobre a popularidade do governo, como a herança negativa deixada pela gestão anterior, com desmonte de políticas públicas, e um cenário internacional que também não ajuda, com guerras, crise climática, tarifas irreais e especulação financeira pressionando a inflação e o custo de vida. Mesmo assim, o governo Lula conseguiu aprovar uma agenda progressista em um Congresso hostil, demonstrando habilidade política e capacidade de negociação.

A contradição entre os avanços reais e a percepção negativa não é um acidente, mas resultado de uma guerra política travada por setores que rejeitam um projeto de desenvolvimento inclusivo e a proteção dos direitos das minorais. A oposição, aliada a poderes econômicos e midiáticos, prefere sabotar o país a admitir que o governo está no caminho certo. No entanto, a resistência popular ao bolsonarismo, evidenciada pela vitória de Lula em 2022, mostra que há espaço para uma virada na popularidade. Cabe ao governo reforçar sua comunicação, priorizando o digital e linguagem de fácil compreensão por todas as camaradas da sociedade; enfrentar os interesses que boicotam a economia, com políticas públicas inclusivas, diminuição dos preços dos alimentos e incentivos ao consumo, como já vem fazendo; consolidar uma agenda que una crescimento e justiça social; além combater a violência urbana, especialmente o roubo de celular nas ruas dos grandes centros, o feminicídio e o narcotráfico. Só assim será possível romper o ciclo de desinformação e construir um novo consenso em torno de um projeto nacional democrático e desenvolvimentista.

Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista e consultor político, mestre em Políticas Públicas e Governo pela FGV. É sócio-diretor da empresa “Consillium Soluções Institucionais e Governamentais”, foi diretor de Documentação do Diap e é membro da Câmara Técnica de Transformação do Estado, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República – o Conselhão.

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