Ainda este mês, mais duas pessoas que estavam acolhidas em abrigos de Niterói voltarão para suas casas. O Programa de Recambiamento da Prefeitura de Niterói providenciou as passagens e o contato com as famílias que aguardam a chegada dos dois rapazes, que saíram em busca de empregos em outras cidades e acabaram chegando em Niterói. De Norte a Sul do país, e até para fora do Brasil, o programa já ajudou mais de 350 pessoas a voltarem aos seus lares nos últimos dois anos.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária é a responsável pelo projeto e realiza o trabalho socioassistencial com as pessoas que chegam à cidade, seja pelo Centro Pop ou pelos espaços de acolhimento. Elton Teixeira, secretário da pasta, explica a importância do programa na reconstrução da história de diversas famílias.
“A atuação da nossa rede proteção socioassistencial é fundamental para a garantia de direitos. Com os esforços de nossa equipe técnica, podemos ajudá-los no retorno para casa, na perspectiva de reconstruírem suas histórias, com seus familiares e amigos”, destaca o secretário.
Com passagem comprada pela prefeitura, na última quinta-feira (22), Lorran Cunha, de 20 anos, voou para o Pará. O jovem disse que sente saudades da mãe e de suas duas irmãs.
“Eu sou do interior do Pará e lá tem poucas oportunidades. Viajei muito pelo Brasil em busca de emprego, até que cheguei em São Gonçalo. Lá fui assaltado e agredido e depois que saí do hospital, me encaminharam ao Centro Pop, em Niterói. Agora estou no acolhimento e já entraram em contato com a minha família, que está me esperando. Estou com saudades e ansioso para reencontrar minha mãe”, conta ele, que passou por cirurgia e está com pino no braço.
Outro que está de malas prontas é o Gabriel Teixeira, de 23 anos, com destino para a cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia.
“Vim para cá por conta de desentendimentos com minha família. Saí para tentar mudar de vida. Fui para Brasília, Minas Gerais, Vitória e outros lugares e passei por diversas necessidades. Cheguei a morar na rua. Agora só penso que quero ir embora”, disse.
O Programa de Recambiamento tem como objetivo, além do retorno de pessoas em situação de vulnerabilidade para suas cidades de origem, garantir o fortalecimento dos vínculos familiares fragilizados. Antes da compra das passagens, é realizado um contato com a rede socioassistencial local que acolherá o usuário e no seu retorno à família e também com os familiares para saber da possibilidade de receber de volta, em casa, o familiar que, por algum motivo, decidiu sair de casa.
Rede de acolhimento – A Prefeitura de Niterói possui uma rede de atendimento para população em situação de rua que conta com equipes de abordagem social especializada, Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e unidades de acolhimento (abrigos).
Nas unidades de acolhimento, as pessoas recebem atendimento de assistentes sociais, psicólogos e orientação jurídica, encaminhamento para serviços de saúde, trabalho e renda e documentação civil. O objetivo principal é construir com os acolhidos um trabalho que culmine na sua autonomia e reinserção social. A organização desses serviços garante privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual.
O Centro Pop fica na Rua Coronel Gomes Machado, 259 – Centro.
Abordagens nas ruas – A Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária vêm intensificando as abordagens sociais pelos bairros da cidade. As equipes fazem um trabalho rotineiro de abordagem nos locais de maior concentração de população em situação de rua. É importante ressaltar que a legislação brasileira não permite o acolhimento compulsório. A SMASES conta com o projeto Centro Pop Itinerante que, desde fevereiro, atua no Campo de São Bento (Icaraí), Praça São João (Centro) e Ingá.
A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói possui o dispositivo Consultório na Rua que presta atendimento para a população em situação de rua. A equipe multiprofissional reúne médico, psicólogo, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistente social, agentes sociais, redutores de danos e motorista. Com apoio de um veículo, atuam de forma itinerante nos locais onde se concentram essas pessoas, desenvolvendo ações compartilhadas e integradas com a rede de Saúde. Através do Consultório na Rua, o usuário com transtorno mental é encaminhado para os serviços da rede de saúde mental.
Fotos: Bruno Eduardo Alves