Uma conquista para Niterói e uma vitória para a natureza. Neste sábado, o prefeito Axel Grael entregou as obras de renaturalização da bacia do Rio Jacaré, na Região Oceânica da cidade. Com a revitalização, o rio recuperou a balneabilidade semelhante à que tinha na década de 1950, antes do crescimento desordenado da área.
O projeto, focado na revegetação e recuperação do rio, suas nascentes e sua faixa marginal de proteção – uma Área de Preservação Permanente (APP) – destacou-se pela construção de bacias de biorretenção e pelas obras de saneamento nas comunidades do entorno. Coordenado pelo Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), o projeto contou com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
“Quando a gente fala em recuperar um rio, a gente fala em obras de urbanização, contenção de encostas, melhoria da infraestrutura e qualidade de vida das comunidades que estão aqui nessa bacia hidrográfica. Essa é a primeira vez que a renaturalização de um rio urbano acontece no país e isso só foi possível graças às políticas voltadas para o meio ambiente e para a sustentabilidade que continuamos a implementar desde o governo do ex-prefeito Rodrigo Neves. Outro destaque da nossa gestão é o Parque Orla de Piratininga, um projeto premiado que, junto da renaturalização do Rio Jacaré, é considerado um modelo de sustentabilidade”, celebrou o prefeito Axel Grael.
Com seis km² de extensão, a bacia hidrográfica do Rio Jacaré é cercada pelos Morros do Cantagalo, Jacaré e Serra Grande. O curso do rio, que integra a maior bacia contribuinte do sistema das Lagoas de Itaipu e de Piratininga, atravessa desde áreas de Mata Atlântica preservada até centros urbanos densos. Com a ambição de restaurar o estado original do rio e melhorar a qualidade de vida dos habitantes da região, o projeto executou uma série de intervenções.
Na primeira fase, melhorias no sistema de esgoto das comunidades do entorno ajudaram a controlar a carga poluente afluente ao sistema. Cerca de 200 casas passaram a ter seu esgoto tratado através do programa Ligado na Rede, uma parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente com a concessionária Águas de Niterói.
A iniciativa promoveu investimentos em infraestrutura nas comunidades do Vale Verde, Cabrito, Coqueiro e Boa Esperança. Além disso, foram implantados um módulo do Médico de Família (prédio com arquitetura sustentável) e o Centro de Referência de Sustentabilidade Urbana – CERSU, em parceria com a UFF.
Tânia Maria, moradora da região que acompanhou a solenidade, relembra como as transformações mudaram o dia a dia no entorno da bacia do Jacaré. “Eu cheguei aqui há uns 40 anos, quando os meus filhos ainda eram crianças. O rio era a coisa mais linda… a gente pescava, fazia piquenique e colhia as verduras que cresciam aqui perto. A região era muito mais vazia também, nem se compara com como é hoje. Agora até temos um Médico de Família. Com o tempo, o rio foi diminuindo muito e deixamos de passar tempo nele. Fico muito feliz de poder ver ele voltando a ser como eu lembrava”, compartilha.
Outro pioneirismo do projeto foi a criação de quatro bacias de biorretenção e três de detenção em pontos estratégicos no leito do rio para ajudar a extravasar o volume de água em caso de chuvas fortes. As bacias funcionam como esponjas, absorvendo as águas quando o rio sobe de volume. A ideia foi baseada em projetos bem-sucedidos na Europa.
Apesar do progresso, a renaturalização da bacia do Rio Jacaré ainda não terminou. O projeto pretende expandir o acesso ao saneamento para pontos da região ainda não contemplados, através de projetos de esgotamento sustentável, e criar um centro de triagem de material reciclado, em parceria com a CLIN, para incentivar o trabalho de mulheres da região que já realizam essa coleta.
Foto: Alex Ramos
