O cinema brasileiro viveu um momento histórico neste domingo (2). O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, conquistou o Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional, sendo a primeira produção nacional a alcançar esse feito. A vitória destaca o potencial e a alta qualidade das narrativas brasileiras, tanto no cenário nacional quanto internacional.
O anúncio ocorreu durante a cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, em Los Angeles, coincidindo com o domingo de Carnaval no Brasil. A expectativa pela premiação mobilizou o país, transformando a conquista em uma verdadeira celebração nacional.
“Merecido demais! Parabenizo Walter Salles, Fernanda Torres, Selton Mello e toda a equipe. O filme homenageia, de forma sensível, a luta da família Paiva durante a ditadura. Essa obra é um reconhecimento à memória do país e mostra que nosso cinema é potente, diverso e merece todo destaque”, celebrou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, também exaltou a vitória: “O Brasil está em festa. O cinema nacional merece muito essa conquista. A premiação no Oscar repercute internacionalmente a grandiosidade dos nossos artistas e o talento de quem faz cinema”.
Um marco histórico para o cinema brasileiro
Desde seu lançamento, em novembro do ano passado, Ainda Estou Aqui atraiu mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas brasileiros. Para Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual do MinC, o sucesso do filme impulsionou o público a prestigiar outras produções nacionais.
“Conquistar o Oscar é um marco histórico para o cinema brasileiro. Esse reconhecimento mundial evidencia a potência das nossas narrativas e a capacidade do Brasil de emocionar e impactar plateias ao redor do mundo. O sucesso do filme é uma vitória para todo o setor audiovisual”, afirmou Joelma.
A trama aborda a resistência durante a ditadura militar no Brasil, tendo como foco a história de Eunice Paiva. Em seu discurso emocionado, Walter Salles dedicou a estatueta a todas as mulheres que lutaram contra o autoritarismo:
“Esse Oscar vai para uma mulher que, após uma perda tão grande num regime autoritário, decidiu resistir. O nome dela é Eunice Paiva.”
Investimentos e crescimento do setor audiovisual
Dados da Agência Nacional do Cinema (ANCINE) mostram que, em 2024, o Brasil alcançou 3.517 salas de cinema, um recorde histórico. O cinema nacional conquistou 10,1% de participação no público total do ano passado, subindo para 32,7% em fevereiro de 2025.
O MinC e a ANCINE investiram R$ 2,6 bilhões em fomento ao setor, beneficiando mais de 600 produtoras. A expectativa é que sejam lançados 1.100 filmes e séries nos próximos anos. A ministra da Cultura ressaltou a importância desse incentivo:
“A produção audiovisual brasileira está pulsante e em alta, tanto no Brasil quanto no exterior. Seguiremos trabalhando intensamente para abrir cada vez mais oportunidades para o nosso cinema”, declarou Margareth Menezes.
O público brasileiro também tem demonstrado crescente apoio às produções nacionais. Nas primeiras semanas de 2025, os filmes brasileiros alcançaram um público de 16 milhões de pessoas, gerando uma renda de R$ 308 milhões.
Reconhecimento além do Oscar
Embora Ainda Estou Aqui tenha conquistado a estatueta de Melhor Filme Internacional, a ausência de Fernanda Torres entre as premiadas chamou a atenção. Sua performance, contudo, foi reconhecida com o Globo de Ouro de Melhor Atriz, prêmio concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood.
A vitória no Globo de Ouro reforça a importância do filme, mesmo diante das limitações da Academia, cujo olhar ainda privilegia produções dentro do escopo hollywoodiano.
O reconhecimento internacional de Ainda Estou Aqui representa não apenas uma vitória para seus realizadores, mas um avanço significativo para todo o cinema brasileiro. A conquista abre caminho para que mais produções nacionais brilhem nos palcos internacionais, fortalecendo a imagem do Brasil como um polo de grandes narrativas cinematográficas.
“Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia”, celebrou o presidente Lula, após o anúncio do prêmio de Melhor Filme Internacional para o longa dirigido por Walter Salles
Fonte: Ministério da Cultura Foto: Divulgação
