Com a Pandemia caminhando para o controle que supostamente nos reconduziria ao estado de normalidade social, somos surpreendidos com a guerra Rússia x Ucrânia. E o que parecia o fim de um pesadelo, tornou-se o receio e o assustado reconhecimento de que ainda não vivemos em paz!
As polarizações, tão características de um país construído a ferro, fogo e golpes, tornam o “tempo de guerra” bastante confuso para as gerações do momento no Brasil. Não se reflete a respeito, não se percebe o que constrói uma guerra, não se considera o que há por trás de uma calamidade que pode se tornar um abissal desastre de proporções mundiais. A primeira guerra mundial começou com “incidentes”; a segunda, que os mais ingênuos não acreditavam possível depois de tantos horrores vivenciados entre 1914 e 1918, provou ao mundo que ainda vivemos como homens das cavernas quando se trata de poder, glória e riquezas materiais. Não aprendemos nada???
O século XX foi marcado por guerras de grandes âmbitos e profundas dores. O século XXI, no qual as gerações mais jovens parecem viver um hedonismo adolescente eterno, não nos parecia capaz de nos tirar do “conforto” de acreditar que grandes guerras foram coisas do tempo de nossos bisavós. Ledo engano, que hoje arrasta inocentes e desamparados no rastro da destruição e da morte prematura.
A invasão da Rússia ao território da Ucrânia, terra do “ouro magnético”, dos grandes minérios responsáveis por gerar não somente energia para cidades, mas, principalmente, para armas bélicas, desmascara a ingenuidade de uma humanidade que se acreditou “globalizada”, unida em uma só “aldeia”, cosmopolita e merecedora de todas as alegrias sob a face da Terra. Por que a guerra nos surpreende?
Surpreende por não compreendermos que ações cotidianas são como pequenos punhados de terra que, acumulados, criam imensos montes de divisão, intolerância, dor e sofrimento. Cada gesto descomprometido com a Saúde, a Educação, a Justiça Social, o Meio Ambiente e a Sensatez (algo raro em adultos high tech), colabora para elevar muros de incompreensão, ganância e morte. A guerra da Ucrânia não é da Ucrânia; é de todos nós que fingimos não enxergar as ambições das grandes potências elevarem ao topo suas “prioridades”, para as quais não há espaço para considerar que o sangue derramado de quem quer que seja deveria indignar, fazer sofrer e transformar atitudes de hedonismo midiático em compromisso pela verdadeira globalização: aquela em que todos temos o direito à vida e à cidadania assegurados e, em contrapartida, o dever de colaborar todos os dias para a Paz Mundial.
REFLEXÕES “LITERÁRIAS”
LUCIANE RAPOSO – LEITORA, ESCRITORA, EDUCADORA, PALESTRANTE E BOOKTUBER
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